quinta-feira, 9 de julho de 2009

Cordel na escola


O MELHOR SÂO JOÃO DO BRASIL

O São João está chegando
Vamos juntos festejar
Brincando com alegria
Sem um minuto parar
A festa cá só termina
Se o dia 30 chegar

A nossa festa junina
É cheia de alegria
Todos dançando bastante
Fazendo da harmonia
A mistura cultural
Que ao povo contagia

Palhoças, casas e ruas
Enfeitadas com bandeiras
Amigos se reunindo
Com danças e brincadeiras
Formando pares e filas
Pulando grandes fogueiras

O São João do Nordeste
É muito valorizado
O povo do estrangeiro
Assiste emocionado
É tanta animação
Que fica contagiado

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É grande a tradição
De riqueza cultural
De forró, coco, quadrilha
Em tempo mais que real
Bomba, rojão e canjica
Palhoça e arraial

E o nosso Santo Antônio
Além casamenteiro
É santo das alegrias
Que faz o Brasil inteiro
Mover rezas, simpatias
Para um amor verdadeiro

Rezadeiras, tradições
Folguedos e simpatias
Começam no dia treze
O tempo das alegrias
E entram por todo o mês
Com fogos e poesias

Se você está solteira
Não pode preocupar
É só apelar pro Santo
Antônio iluminar
Fazendo superstição
Pra bom marido arrumar

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Umas já seguem fazendo
E outras também não fazem
Uma fezinha pro Santo
Buscando ter mais vantagem
E outros já o emborcam
Fazendo grande chantagem

O São João do nordeste
É muito mais animado
Comidas, arrasta pé
E muito forró pegado
Por isso que nosso povo
É muito prestigiado

Os ritmos conhecidos
Forró, xaxado e baião
Que muito foram cantados
Pelo mestre Gonzagão
E a nossa rica cultura
Avivam a tradição

No meio do arraial
A galera se anima
E o povo a cada vez
Mais perto se aproxima
Para dançar, divertir
E levantar sua estima

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O forró bem na verdade
É muito bom de dançar
E seu compasso marcante
Já serve para avisar
Que a força da pisada
Ligeiro vai aumentar

O casamento matuto
Presente na região
São muitos os personagens
Presentes, animação
Tem cantores conhecidos
Festejos e emoção

Todas as festas juninas
Tem forró, muito baião
E muita gente bonita
Dançando o lambadão
Varando noite a dia
Com muita disposição

O céu estrelado, balões
A noite vai clarear
Uma quadrilha animada
Para o povo dançar
E um chamego gostoso
O fogo vai aumentar

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As fitinhas no cabelo
A roupa quadriculada
Uma matutar quadrilha
A rua toda enfeitada
O fervo da multidão
Corridas da molecada

Nós temos que bem lembrar
Valores da tradição
Daqueles que não habitam
Conosco nesse mundão
Um deles Lula Gonzaga
O nosso Rei do baião

O povo todo se anima
Num passo bom de forró
No imprensado festa
Pecado é ficar só
Num fogo bom e danado
Arrocho ponto e dou nó

Todo nordeste em festa
Expresso interior
As pessoas se reúnem
Numa festa multicor
Simpatia, elegância
Em doses boas de amor

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Com muito entusiasmo
Fazemos grande festão
Eita que festa junina
Mais cheia de tradição!
Bem cedo ou tardezinha
É boa a animação!

Degustar boas comidas
Vendidas nas barraquinhas
Enchendo bem a barriga
Com milhos e canjiquinhas
Comendo a céu aberto
Essas delícias quentinhas

Os nomes delas variam
De cada em cada estado
Pois cada uma tem tipo
De nome bem variado
Até parece que tudo
De novo foi planejado

Aqui chamamos pamonha
Munguzá, milho, pipocas,
Pé de moleque cozido,
Suculentas tapiocas
Cocadas de amendoim
Queijo de coalho, paçocas.

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E você siga correndo
Arrume logo seu par
E venha já pra fogueira
Ver a noite de luar
É uma melhor maneira
Para poder se animar

Não fique sozinho em casa
Com a cara de tristeza
Solidão sozinha cansa
Boas gotas de beleza
E vamos ver diversão
Coisa boa concerteza!

E venha pronto pra dança
E traga sua candeia
Que agora a nossa festa
Grande calor incendeia
É esse nosso São João
Bem nordestino na veia

Ajuste bem o chapéu
Aumente a emoção
Que esse São João promete
Aquela forte emoção
Cuidado com os foguetes
Com fogos e com balão

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Brincando, tendo cuidado
Vira dança noite inteira
E sempre assim começa
Nossa boa brincadeira
Nordeste de canto a canto
Na sanfona gemedeira

Veja comadre, compadre
A cultura nordestina
É folclore, tradição
É isso que predomina
É a manifestação
Que nosso povo domina

Convido bem a você
De diferentes lugares
A contemplar os rojões
Cortando solto nos ares
Com muita animação
Dançando, formando pares

Essa é boa cultura
Que o nordestino tem
Confesso sem preconceito
Sem esconder a ninguém
A nossa festa junina
É mesmo a melhor que tem





Cordel produzido pelos alunos da 8ª A e B; 1º A, B e C e 2º A e B da Escola Estadual Professor José Mendes da Silva, inseridos no projeto Educação e Cultura – nutrindo vida com sonhos, na disciplina História da Cultura Pernambucana.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A arte como ponte


A arte é inerente ao homem, ela precisa de emoção, de sensibilidade. Precisa do humano, aquele que sabe olhar e ver o que sem a sensibilidade artística passaria despercebido.
Siba, um artista do Agreste pernambucano viu e ouviu a cor e o som da Zona da Mara. A diferença de classe social e arcabouço cultural não foram entraves para a sensibilidade da arte, para que ele pudesse perceber a grandeza do que via e ouvia. E homens simples da cultura canavieira, porém mestres na arte popular do maracatu, veem hoje sua arte misturada, espalhada e reconhecida longe dos canaviais e até fora do Brasil, lá na Europa. A arte funciona, muitas vezes, como uma ponte interligando pessoas e lugares distantes, no tempo e no espaço, ela é algo demasiadamente humano e quebra barreiras muitas vezes impostas pelo próprio homem.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A arte na escola

Trabalhar artes na sala de aula é um desafio, pois, essa disciplina nos permite estimular o potencial da turma através da criatividade, criticidade e até o auto-conhecimento, colaborandomuitas vezes com a transformação de jovens participantes. No decurso do trabalho com músicas, por exemplo, podemos formar leitores críticos, expressivos apreciadores da beleza literária, consolidando o respeito e o compromisso com a ética, como podemos observar nos dois vídeos. A música Meu cenário mostra uma linguagem conotativa e a leitura nas entrelinhas nos faz criar a imagem de um local poético sem tom pejorativo, porém com muita beleza, emoção e delicadeza. O vídeo filho do Dono provoca o olhar crítico para os problemas sociais, é próprio grito de quem nao tem vez, nem voz. A música e a poesia, juntas, podem mexer de uma forma muito expressiva com as nossas sensações e emoções, levando-nos, muitas vezes, a fazer a leitura de uma canção unindo o olhar e a alma numa atitude questionadora, para a questão tão nossa, mas, ao mesmo tempo tão universal.


Link de vídeo com o trabalho do aluno Maurício Vieira, cujo desenho está dialogando com a música Meu Cenário:



Link de vídeo com o trabalho do aluno Allanderson Marcel, cujo as imagens estão dialogando com a música Filho do Dono:

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A importância da arte

Já é conhecida por muitos educadores a importância da arte no mundo educacional. A linguagem artística muitas vezes pode desempenhar um papel de grande relevância no processo de recuperação da auto-estima, da construção do pensamento crítico e reflexivo, pois a arte provoca, instiga, mexe com os nossos sentimentos e emoções. A arte desperta em nós mais sensibilidade, fazendo-nos entender melhor a nossa relação com o mundo, a natureza, os outros e nós mesmos.
Trabalhar a imaginação,a compreensão e a a critividade pode ser uma prática das aulas de artes de maneira individual ou em grupo, agregando assim os jovens ao mundo e as oportunidades que a arte pode proporcionar.
Se a arte recria o mundo, automaticamente, ela integra esses jovens que participam das aulas de artes a se agregarem, a serem atuantes e participativos.
Como diz, em um cordel de sua autoria, a aluna Carolina Cristina, da oitava série A da Escola Prof José Mendes:
"Arte envolve determinação
Traz cultura pra cidade
Pros pobres alimentação
Cultura gera arte
Em seguida educação"

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Texto: Um produto histórico-social

O processo ensino/aprendizagem da leitura do texto na perspectiva da intertextualidade pode promover a interação com vários gêneros textuais, além de desenvolver a capacidade de identificar o intertexto, mostrando para o aluno que a importância do conhecimento de mundo interfere no nível de compreensão do texto como observaremos a seguir na letra da música do cantor Petrúcio Amorim “Deus do Barro”.
“Quando Deus fez o homem
sua semelhança
Foi amassando o barro
com a mão
Deu um sopro de vida
e esperança
Espalhou pelo mundo a criação”

É visivelmente notável uma alusão nesses versos ao livro da Bíblia: Gêneses (2,7) – “Então formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego da vida e o homem passou a ser alma vivente”.

Como sabemos, o texto não se restringe apenas a linguagem escrita, podemos usar outros tipos de textos com o mesmo tipo de mensagem, fortalecendo a comunicação no entrelaçamento de leituras em diferentes textos. Usando a obra de Michelangelo ”A Criação do Homem”, afresco pintado na Capela Cistina do Vaticano notamos nitidamente uma referência ao livro Gêneses.


Como vimos anteriormente na letra da música, as palavras criam imagens, enquanto que no quadro as imagens criam palavras. Podemos observar durante a leitura da pintura o dedo de Adão tocando no dedo de Deus, passando a idéia de energia, vida, transmissão de amor, paz, força e coragem aos mortais e (nesse toque observamos uma simbologia) na vida real tudo isso nos é passado quando recorremos a Deus. É notado também em segundo plano as imagens de anjos que acompanham Deus em sua tarefa, não podendo deixar de observar a figura de Adão, representada com traços fortes e bem definidos.

O texto com a temática religiosa apresenta características renascentistas, como a beleza e a harmonia na manifestação artística.

Deus criou o homem e com seu imenso amor deu-lhe o poder de criação e a arte de criar deve estar ligada a arte de amar como podemos ver nos versos abaixo:

“Pra fazer com amor é preciso fé
Da mistura da lama saber tirar
A imagem de toda Maria e todo Zé
Tudo aquilo que a terra pudesse dar”

A letra da música “Deus do Barro” nos passa várias informações como verificaremos nos próximos versos, uma referência ao Mestre Vitalino que foi iniciada anteriormente:

“O boneco Mestre Vitalino
É grandeza por ter simplicidade
Com o barro ele fez o seu destino
Pelo barro ganhou eternidade”

Nós somos a soma de todas as leituras feitas no nosso dia-a-dia, leitura de situações, leitura de mundo que vai nos dar suporte para um melhor entendimento na leitura de um texto. Mestre Vitalino usou essa leitura de mundo na sua arte. Ele imprimia no barro a sua vivência, tornando-se um artesão mundialmente conhecido por retratar com a sua arte a cultura e o folclore do povo nordestino, como diz o verso a seguir:

“Amassa com a mão amassa
Um boneco uma banda de pife
Um dentista, um cavalo, um boi de carro
Amassa com a mão amassa
Se Deus é um Vitalino, Vitalino é um Deus de barro.”

A arte de Mestre Vitalino até hoje é recriada através dos seus seguidores. Nascido na zona rural de Caruaru, já adulto mudou-se para o Alto do Moura, local mais próximo do centro de Caruaru, conhecida como a capital do forró e que foi colocada no mapa mundial por ter obras de Vitalino expostas no Museu do Louvre em Paris. Sua arte transformou Caruaru no maior centro de arte figurativa das Américas – título concedido pela Unesco.

A arte pode identificar a geografia física e humana de um povo. O trabalho com a música “Deus do Barro” rendeu pesquisas sobre Luiz Gonzaga e Vitalino, dois divisores de água, na arte expressiva da identidade nordestina.

Tanto a arte de Vitalino quanto a de Luiz Gonzaga representam muito bem seu povo, seus hábitos, suas lutas, tristezas e injustiças sociais. Porém mostram a alegria, a fé e a força de um povo sensível e batalhador que nunca se deixa abater.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Meu cenário (Petrúcio Amorim)

(Ilustração de Maurício Vieira)
Nos braços de uma morena/ Quase morro um belo dia/ Inda me lembro meu cenário de amor /Um lampião aceso/ Um guarda-roupa escancarado/ Um vestidinho amassado/ Debaixo de um batom /Um copo de cerveja /E uma viola na parede /E uma rede convidando a balançar/ No cantinho da cama, /Um rádio a meio volume, /Um cheiro de amor/ E de perfume pelo ar/ Numa esteira,/ O meu sapato pisando o sapato dela/ Em cima de cadeira /Aquela minha bela sela/ Ao lado do meu velho alforje/ De caçador Que tentação! /Minha morena me beijando /Feito abelha/ E a lua malandrinha/ Pela brechinha da telha /Fotografando meu cenário De amor.

Apresentação do Projeto Educação e Cultura: Nutrindo vidas com sonhos




Este projeto tem o objetivo de interagir com diversas culturas, oportunizando aos jovens leituras em diversas linguagens com o intuito de estimular o olhar reflexivo e o pensamento questionador, na formação de alunos cientes de sua inclusão no contexto histórico, político e social.A formação do aluno leitor, proficiente, autônomo e crítico será trabalhada através da ultiplicidade de manifestações culturais como: a música, literatura, literatura de cordel, artes plásticas, tradição popular, cultura loAs músicas trabalhadas no projeto servirão para apresentar relação nas mensagens encontradas no texto a situações relacionadas ao cotidiano dos jovens, ou até lições de vida que eles precisam absorver para uma conscientização do exercício de cidadania.

Descobrindo a importância do escutar, os jovens aprenderão a dar valor ao texto, aprimorando mais o gosto musical selecionando o que ouvir, fugindo um pouco das músicas que só apresentam apelo sexual de maneira vulgar e degradante, criando assim um gosto eclético.A cultura de um povo também pode ser deduzida pelo gosto musical, por isso é importante que esses jovens tenham a oportunidade de conhecer outras culturas além das que são maciçamente impostas pelos meios de comunicação reféns do produto descartável feitos por indústrias culturais para a população de massa, que denigrem a verdadeira arte empobrecendo a nossa cultura em nome de uma riqueza fácil e da rápida conquista de um povo sem oportunidade de escolhas.Trabalhando algumas músicas do cantor e compositor Petrúcio Amorim pretende-se provocar o senso crítico dos alunos, levando a argumentação para a sala de aula através de uma arte aparentemente feita para dançar (o forró), mas, que tem o poder de com suas letras despertar o senso crítico, provocando o estranhamento em situações corriqueiramente vividas e nunca observadas.